"Na noite do dia 8 de fevereiro, Meishu-Sama adormeceu muito contente mas, pela madrugada, começou a sentir-se mal e daí em diante não conseguiu dormir direito.
Na tarde do dia 9, depois de ter dado instruções sobre a construção em Atami e também sobre a reforma do anexo do Museu de Arte de Hakone e a preparação de sua reabertura, ele foi para a sala de visitas, onde ficou muito tempo olhando fixamente para as velhas ameixeiras vermelhas e brancas, que estavam em pleno florir, e para as flores de cerejeiras "hikan". No silêncio do Solar da Nuvem Esmeralda, em cujo jardim batia o fraco sol do início da primavera. O que estaria pensando o Fundador enquanto apreciava as flores? Pensaria na sua vida que teve início num ponto de Asakusa ou no futuro da Obra Divina? Eis um enigma indecifrável.
A última crise do Fundador teve início exatamente nesse momento. Ele falou que estava sentindo algo anormal no peito e, quase carregado pelos dedicantes, foi levado para o quarto. Deitado na cama, dormia, acordava e voltava a dormir. No amanhecer do dia 10, Meishu-Sama entrou em coma. Desde a noite anterior, o Presidente Okussa e os demais diretores permaneciam reunidos à sua cabeceira, orando pelo seu restabelecimento mas, às 15h 33m, ele encerrou sua vida, aos setenta e dois anos.
Pela manhã, como continuava em perigo de vida, tinham-se enviado telegramas a todos os dirigentes de Igreja do país, com a seguinte mensagem: "Venha urgente à Sede Geral". Recebendo esses telegramas e imaginando o que havia acontecido, todos eles vieram apressadamente para Atami.
A Sua ascensão foi anunciada aos órgãos de comunicação, pelo Presidente Okussa Naoyoshi, às 18h do mesmo dia, sendo transmitida ao país inteiro no noticiário das 19h. Prestando atenção às notícias, um dirigente que sentia o seu coração angustiado desde o recebimento do telegrama e, a essa hora, ainda estava na estação do local onde fazia difusão, inesperadamente ouviu o nome da Igreja Messiânica Mundial. Sentindo como que uma facada no peito, aguçou os ouvidos. Escutou, então, a triste notícia da ascensão de Meishu-Sama. Disse a si mesmo que aquilo era um boato mas, pensando que talvez fosse verdade, empalideceu, suas pernas começaram a tremer e ele ficou sem ação. Tristonhos, os fiéis que estavam com ele também não disseram uma só palavra. As lágrimas rolavam de seus olhos sem parar e eles não sabiam o que fazer.
Uma dirigente de Igreja que, casualmente, foi ao escritório de Atami naquele dia, sem saber de nada, encontrou todo mundo triste e desanimado. Apesar disso, ela não imaginou que havia acontecido o pior e perguntou a um dos presentes como estava passando o Fundador. Quando ouviu a resposta, desatou a chorar.
Os fiéis reagiram das formas mais diversas. Ao tomarem conhecimento da triste ocorrência, tinham uma reação de dor e não apenas de tristeza; seus corações ficavam sombrios. Os que acreditavam que Meishu-Sama era eterno e O encaravam como um ser que havia superado a morte, jamais imaginaram que teriam que enfrentar a Sua ascensão.
No dia 11, apesar de ser fevereiro, o mês mais frio no Japão, o corpo do Fundador ainda permanecia quente e seus braços e pernas estavam macios. Os dedicantes hesitavam em colocá-lo no caixão, pensando que a qualquer momento Ele iria reviver e abrir os olhos.
Ante o inesperado acontecimento, os diretores da Igreja realizaram, na mesma noite, uma reunião de emergência. Ficou decidido realizar o Culto de Sepultamento no dia 17 de fevereiro e construir o Sepulcro Sagrado na Terra Divina de Hakone, para aí enterrar o corpo do Fundador. Mais tarde, soube-se que, misteriosamente, o local escolhido coincidia com o lugar onde Ele dissera a alguns discípulos e dedicantes que deveria ser construída sua morada eterna. Tomando conhecimento de que, em 1954, no seu último verão em Hakone, o Fundador falara a um dedicante que, em breve, estaria residindo ali para sempre, as pessoas relacionadas àquela decisão novamente foram tocadas pela sensação de mistério.
A construção do sepulcro foi considerada uma obra milagrosa realizada pelos dedicantes que, erguendo-se de dentro de sua tristeza, trabalharam dia e noite para terminar o trabalho a tempo do Culto de Sepultamento, o qual seria realizado dali a uma semana.
Situada dentro do Parque Nacional Fuji-Hakone-Izu, a Terra Divina é também uma região paisagística. Por isso, era proibido construir sepulturas no local e enterrar corpos sem cremar. Mas esse difícil problema também foi vencido milagrosamente, graças ao ardoroso empenho dos discípulos. Quem se empenhou mais intensamente para obter a compreensão do governo do Estado de Kanagawa, explicando o verdadeiro motivo das intenções da Igreja, foi Ishihara Torayoshi que, mais tarde, ocupou o cargo de conselheiro. Anteriormente, ele trabalhara na Sede da Delegacia daquele Estado e tinha muitos conhecidos nesse setor. Quando era chefe da Delegacia do Estado de Hiroshima, Ishihara sofria com os sintomas da radiação causada pela bomba atômica, mas fora salvo por intermédio do Johrei, tornando-se fiel. Continuou a trabalhar na Sede da Igreja mesmo depois da ascensão do Fundador, vindo a falecer no dia 2 de maio de 1980, aos setenta e oito anos. Graças à sua atuação e à de outros discípulos, o "Pedido de Construção de Cemitério Privado", entregue no dia 12, foi deferido oficialmente no dia 15.
A obra teve início com o desmatamento e terraplanagem do terreno. Derrubou-se o aclive acentuado e aterrou-se a parte baixa, para aí se construir uma sepultura redonda constituída de três camadas, respectivamente com 12,7 m, 11 m e 9 m de diâmetro. Na época, os integrantes do Grupo de Dedicação não chegavam a cem, mesmo juntando os de Hakone e Atami; além disso, entre eles, também havia mulheres de modo que, na realidade, era uma obra impossível de ser realizada em número tão limitado de dias. Recorreu-se então a uma firma construtora; entretanto, ao ser-Ihe apresentado o projeto e mostrado o local da construção, ela recusou o serviço, dizendo que não poderia terminá-lo dentro do tempo estipulado. Obviamente, a situação não permitia adiamento do prazo, sendo portanto, necessário realizar o trabalho com a força dos fiéis. Pediram-se dedicantes nas Igrejas mais próximas e, até que todos os preparativos ficassem prontos e a obra fosse iniciada, já era dia 14. Mas, tão logo ela teve início, foi efetuada sem interrupção. Durante o dia, todos trabalhavam e, à noite, faziam revezamento a cada duas ou três horas.
O inverno de Hakone é rigoroso e, à noite, faz frio a ponto de se sentir os ossos congelados. Entretanto, a tristeza superava a baixa temperatura e a dor no coração era maior que a dor causada pelo frio, o qual penetrava na pele. Alguns dedicantes, carregando terra e usando pás, relembravam a figura e a voz de Meishu-Sama e não conseguiam reprimir os soluços.
Na hora do descanso, tanto os fiéis como os profissionais tiravam um cochilo com a roupa de serviço mesmo e, na hora do revezamento, acordavam e recomeçavam a trabalhar. Soma Naoji e outras pessoas encarregadas da obra não tinham tempo sequer para tomar banho, fazer a barba ou trocar de roupa, ficando realmente sem dormir e descansar. Devido ao frio e ao excesso de trabalho, o desgaste físico era intenso; por isso, todos aqueciam o corpo tomando água quente com açúcar e feijão doce com caldo, preparados para eles, e comiam ovos crus, a fim de ganharem força. Se chovesse ou nevasse, a terra ficaria lamacenta, o que dificultaria muito o serviço. Entretanto, naqueles quatro dias, felizmente quase não choveu nem nevou, de modo que a obra pôde ser desenvolvida conforme fora programada. Relembrando a época, Soma Naoji disse, comovido: "Trabalhamos realmente sem dormir e sem descansar. Quando penso naqueles dias, fico atônito, sem saber como pudemos aguentar. Até nós, que executamos a tarefa, não conseguimos acreditar, quando ela ficou pronta. Ao lembrar-me daquele momento, não posso conter as lágrimas." O Sepulcro Sagrado foi construído pelas mãos de 1200 dedicantes e 555 profissionais, em pouco mais de três dias, iniciando-se no dia 14 e terminando na manhã do dia 17. Originariamente, ele era formado de três camadas de terra e não estava revestido com as pedras que o revestem hoje. À sua volta, não existiam as calçadas de pedra nem os gramados que existem atualmente, mas apenas alguns pinheiros altos e velhos, que ainda se erguem no local e em volta de cujas raízes só havia montes de terra preta.
No dia 17 de fevereiro, às 2 da madrugada, apesar da temperatura abaixo de zero, um grande entusiasmo envolvia os últimos momentos da obra. Nessa mesma madrugada, no Solar da Nuvem Esmeralda, em Atami, com as ameixeiras vermelhas e brancas sobressaindo na escuridão da noite e o perfume do incenso pairando silenciosamente no ar, realizou-se um Ofício Religioso diante do ataúde do Fundador. A Oração Amatsu-Norito foi entoada serenamente e, ao término da cerimônia, com todo sentimento, os presentes depositaram flores no ataúde e, em seguida, este foi carregado nos ombros por dez pessoas e colocado no carro funerário, atravessando a cidade rumo ao Templo Messiânico, quando ainda não tinha amanhecido.
No Templo Messiânico, os preparativos para o Culto de Ascensão já estavam prontos. No palco, onde fora pendurada uma foto do Fundador em tamanho real e, de ambos os lados da nave, havia mais de cem coroas de flores, enviadas pelo Ministro da Educação e Cultura, Ando Massazumi, pelo Ministro da Agricultura e Florestamento, Kono Itiro, e por outras pessoas. Os fiéis, que tinham começado a chegar à noite, eram a mais de dez mil na hora do culto, lotando até o espaço externo do templo. Naquela época, ainda não existiam poltronas no interior da nave e os participantes ficavam todos de pé; apesar disso, não havia espaço nem para as pessoas se moverem.
A cerimônia teve início às 9h, com o som grave dos instrumentos musicais. Quando a oração do Culto de Ascensão começou a ser entoada, todos, a cada palavra que era dita, começaram a relembrar a figura do Fundador. Aqui e ali ouviam-se soluços abafados, que foram se multiplicando e ecoando pelo templo como o som das ondas, quando a maré está subindo. A seguir, foram apresentadas palavras de condolências por altas personalidades representativas do mundo religioso, político, financeiro, artístico e cultural, entre elas Miki Tokutika, líder da Entidade Religiosa P.L. Dando sequência à cerimônia, leram-se os telegramas enviados à Igreja. Lamentando imensamente a ascensão do Fundador, Takahashi Seiichiro, que, na época, era o Presidente da Comissão de Preservação do Patrimônio Cultural, enviou as seguintes palavras: "Expresso o meu mais profundo respeito em relação ao trabalho por Ele executado não só instituindo como se dedicando à Fundação Tomei de Preservação da Arte, para preservar as belas-artes japonesas, e também dirigindo o Museu de Arte de Hakone, atividade através da qual Ele divulgou o patrimônio cultural do país e contribuiu para a elevação da cultura. Eu tinha grandes expectativas de uma contribuição ainda mais longa de Sua parte, de modo que expresso respeitosamente meu profundo sentimento pela sua súbita passagem e minha mais elevada consideração."
Através das palavras dos participantes e dos telegramas enviados, as pessoas presentes ao Culto de Ascensão sentiram, mais uma vez, o grandioso trabalho realizado pelo Fundador, o qual abrangia não apenas o aspecto religioso, mas vários outros aspectos da cultura, inclusive o artístico.
Quando a leitura dos telegramas terminou, Yoshi Okada, com uma vestimenta funerária de cor branca, fez o Ofertório de Gratidão. Sua figura mostrava a tristeza de ter perdido aquele que era seu Mestre e esposo.
As 11h, o ataúde foi novamente levado para o carro funerário, que, acompanhado por um carro-guia e seguido por mais de trinta veículos, passou por Odawara e rumou para Gora, em Hakone. Imediatamente após a chegada àquele local, foi realizado solenemente o Culto de Sepultamento, frente ao Sepulcro Sagrado, que acabava de ser concluído.
No Sepulcro Sagrado, havia uma abertura lateral voltada para o nordeste, com a entrada na direção sudoeste. Como que deslizando, o ataúde foi sendo colocado vagarosamente no fundo dessa abertura, até ficar depositado no centro da sepultura esférica. A seguir, os familiares, os dirigentes da Igreja e os dedicantes que O serviam de perto foram, um a um, colocando uma pá de terra para fechar a entrada do sepulcro. Assim, o corpo do Mestre ficou descansando eternamente nesse local."
Extraído do livro "Luz do Oriente" - Vol. 3 (Trechos)
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